Tenho nove anos e tenho um sonho, um sonho de fazer com que "as pessoas grandes" tenham um pouco do nosso pensamento e da nossa imaginação, seria tão melhor ver o mundo com a inocência de uma criança, imagina ai que legal eles poderem nos entender de verdade? Claro que não podem deixar de lado a maturidade afinal são eles que cuidam de nós. Geralmente penso em quando eu vou crescer apesar de não querer muito que isso aconteça, fico imaginando a profissão que quero pra mim, de principio quero cuidar de animais o que gosto mesmo de fazer, mas só de citar isso para os meus pais, sofro bullying, sério! Eles falam que não tenho futuro com isso, não serei alguém na vida. Agora pensem comigo se uma pessoa que salva vidas, que cuida e protege não vai ser “alguém na vida” como vou ser alguém? É tão complicado tentar compreender os adultos, tenho vontade, mas não consigo eles são tão difíceis de decifrar. Vivi, vivi experiências incríveis durante toda a minha infância, tentei trazer comigo a minha inocência, imaginação e meu pensamento para a minha vida adulta, mas ao longo da minha jornada eles retiraram de mim essa expectativa, eles bloquearam tudo que eu pudesse ter comigo da minha infância exceto minhas lembranças, isso eles jamais tirarão de mim. Em fim, os anos insistiram em passar e eu cresci, cresci com a certeza de que queria ficar longe desse mundinho um pouco, é, tentar voltar a minha infância, eu mais eu e mais ninguém. Foi ai então que eu consegui uma folga do meu consultório deixei nas mãos dos meus pais e loquei um jatinho, já estava pronta para voar pra longe, minhas aulas de voo estavam concluídas então peguei tudo que precisaria para a viagem com a consciência de que não saberia para onde iria, mas com o GPS na mão da minha mãe claro, ela ficaria louquinha da Silva se não soubesse como eu estava e onde eu estava adulto tem essas coisas de preocupações, é, até então eu não conhecia, comecei a conhecer depois do meu primeiro namorado, pois é. Sai de viagem sem data para retornar, foi uma sensação tão boa de liberdade que sentir no momento em que me vi sozinha dentro de um jatinho em plena as nuvens, foi a partir dali que comecei a voltar a minha infância minha imaginação começou a fluir, meus pensamentos de quando menina veio à tona “as nuvens são grandes pedaços de algodão”, “como o mundo é pequenino lá embaixo”, “se eu der tchau será que vão me ver daqui?”, me senti tão feliz naquele momento que não havia percebido que o jatinho estava pousado em um solo que eu não reconhecia e seria difícil reconhecer, o jato estava quebrado, era tudo deserto, me sentia com medo pois eu me achava a milhas e milhas de qualquer terra habitada. Decide então trancar-me dentro do jato e esperar ajuda apesar do medo de não aparecer ninguém e simplesmente mofar sozinha ali, adormeci. Ao acordar vi um garoto olhando para mim com uma cara de confuso, mas com um sorriso de canto de boca, ele falou então: - Me descreve como é um carneiro? - Como é? (confusa sem entender muito bem a esquisitice do garoto de cabelos dourados fiquei surpresa) - Me descreve como é um carneiro de verdade, sei que gosta de bichos... - Como assim descrever um CARNEIRO garoto? E como sabe da minha vida? - Me descreve um carneiro... Por favor... (repetiu lentamente como se dissesse algo muito sério) - Ok então. (sentei-me no chão e comecei a descrever um carneiro para o tal garoto) - É uma animal de muita importância econômica como fonte de carne, lacticínios e lã, é um mamífero e geralmente é criado em cativeiro. - NÃO, NÃO! Descreve como ele é! Ele tem coração né? E... Espera ai! Como é carne, lã? - Ah... Quatro patinhas tem lã em seu corpo... Sim, ele tem coração, ah só sacrificando eles... - COMO ASSIM? MATAM OS BICHINHOS? - É matam... GAROTO DE QUE PLANETA VOCÊ É? - Sei que não preciso matar nenhum bicho para ter porcaria de economia nenhuma, eu só queria saber como ele era pra ter a certeza de que poderia cria-lo para que ele possa comer os baobás... Eu queria te falar apenas que voltei e continuarei servindo de exemplo para muitas gerações, não respondo o que me perguntam, continuo a ri da vida, a tudo estou a observar e se de longe notou os meus cabelos dourados saberás quem sou em fim, sou uma eterna criança e diga a ele que mandei lembranças, boas lembranças para a sua antiga, jovem memória. Nesse exato momento me lembrei de um antigo escritor o Antoine De Saint-Exupéry e do seu famoso livro O Pequeno Príncipe foi então que percebi que aquele garotinho de cabelos dourados era o seu apoucado Príncipe, então olhei para longe e lá estava a bela paisagem que Antoine descreve em seu livro onde o principezinho apareceu, mas ao olhar ao meu redor não o via mais, o principezinho havia desaparecido, então olhei para o céu e me perguntei: - O carneiro terá ou não comido a flor? Mas infelizmente ele não retornou para me responder, entendi então que essa era a moral da história, você criar uma imaginação, o seu pensamento do que você acha que teria acontecido, a cada vez que ler o livro ter uma nova versão, uma nova versão que você mesmo terá que criar, isso é voltar a ser criança, isso é ter pensamentos soltos sem serem interrompidos. Decide então escrever uma carta ao escritor, “Prezado Antoine, senti-me na obrigação de informa-lo que o vi, sim o seu Pequeno Príncipe nada mudou desde a época que esteve com ele, continua o mesmo garoto levado e gracioso de sempre e ainda mais esperto, mandou lembranças, boas e jovens lembranças ao Donzelo. Sei que já faz algum tempo e possa ser que você fique um pouco abismado com tudo isso foi há 69 anos, então espero que não se assuste e preste atenção nas palavras que escrevo. Le Petit Prince me ensinou novamente como é bom ter inocência dentro de nós no momento em que me pediu para descrever um carneiro jamais pensaria em descrever como seria um simples carneiro, tive a visão mais adulta que poderia ter, o valor financeiro e isso mexeu comigo, pois não esperava isso de mim mesma. O principezinho ele mostrou novamente a minha visão de verdade, a visão de dentro, a visão do conteúdo e não do superficial, quando me perguntou se o carneiro tinha coração eu não imaginei que os animais ainda tinham sentimentos, pois se o senhor não sabe quando criança tinha o sonho de ser medica veterinária mas os adultos apanharam o meu sonho e com isso me tornei um deles, sendo assim esqueci que animais irracionais são vidas. Hoje posso dizer que sou uma pessoa melhor graças a ele que com sua delicadeza e cautela conseguiu me mostrar um novo mundo, ou melhor dizendo o meu velho mundo. Eu estava tão egoísta só citava a mim mesmo, como primeira e segunda opção, não pensava muito nos outros, mas hoje vejo que ajudar é a melhor maneira de seguir em frente, ver um sorriso é tão gratificante. Não vou mais ocupar o seu tempo, sei que anda fazendo milhões de pesquisas para encontra-lo novamente, e não posso interrompe-lo, só queria agradecer por me dá o privilegio de poder conhece-lo melhor e com ele aprender tantos valores e estou aqui disposta a falar que ele voltou e está mudando a vida de muitas pessoas por ai. Vá desculpando se em algum momento se referir a você de uma forma tão Informal é que eu voltei a ser criança e não estou ligando muito para o que vão pensar de mim depois, eu só quero viver o agora. Boas e jovens lembranças para você, beijos da visitante mais recente do Principezinho.”
v.c